terça-feira, 12 de abril de 2011

Noite de Domingo

Após uma longa e feliz tarde de domingo com direito a amigos reunidos, estar no Gigante da Beira Rio, meu local predileto para passar o domingo, com direito à goleada do meu time do coração e um longo abraço do Capitão Bolívar fui com um casal de amigos até um quiosque comer um cachorro quente.

Estávamos com aquela vontade de comer “cachorro de carrocinha...”

Chegamos lá, encomendamos nosso lanche, sentamos e, do outro lado da rua avistamos um senhor sentado.

Era um andarilho, barbudo, uma pessoa nítidamente castigada pela vida.

Ele em seu silêncio, olhando ao local onde eram preparados os lanches, certamente com fome porém já sem aquela esperança de que alguma boa alma o alimentasse...

E o detalhe... Ao seu lado sua fiel amiga e companheira de dias de sol e calor no verão e noites frias e úmidas de inverno...

Não nos contemos e pedimos um lanche e mais e separamos também duas salsichas...

Atravessamos a rua, ainda com um certo medo da reação daquele homem, visto que ele vive na rua e já deve ter sido vítima de muita violência ou xingamentos, típicos dos que os humanos que tem um pouco mais fazem com os que nada tem...

Nos aproximamos e ele levantou os olhos e sorriu.

Nós perguntamos se ele aceitaria um lanche e ele disse que sim. Então minha amiga alcançou em sua mão.

Logo baixei o corpo cortei as salsichas para dar ao cão, que com um olhar sofrido também me agradeceu.

Conversamos um pouco com o homem, acarinhamos o cão, que na verdade era uma fêmea e segundo o homem... “Ela cuida dele todas as noites na rua...”

Depois nos despedimos e fomos comer nosso lanche com a sensação de que algo de bom fizemos naquela noite e de que mesmo vítimas de muito preconceito e descaso, pessoas que vivem na rua também podem ser respeitadoras e gentis...

Após lancharmos fomos até o carro, quase ao lado onde aquele homem continuava a degustar seu lanche na companhia de sua fiel amiga e demos boa noite...

E o que ouvimos?

“Obrigado, vão com Deus!”

Pois é, um homem sofrido pelo descaso e pelos percalços da vida ainda crê em Deus, ainda carrega O Pai Maior no coração, o que nos mostra que nunca, jamais devemos reclamar das adversidades e muito menos pensar que Deus não está em cada canto do mundo, em cada detalhe da vida, mesmo que seja em um simples homem e sua amiga canina que vivem sob a luz da lua...

Luciana Lima
12/04/2011

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