quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Com Alma



Chegamos cedo ao local. Fomos abraçar amigos, beber muita água, conversamos, recebemos carinho.


De minha parte, a cada minuto que passava  aumentava ainda mais a ansiedade. Eu queria viver aquilo! Eu queria ver a casa pronta!!

A minha última lembrança era de um paredão de barro coberto por lonas pretas. Aquilo me corroia. Era a minha casa, a nossa casa daquele jeito.

No fundo eu sabia que seria transformado em algo lindo,  porém  não dimensionava o quão deslumbrante...

Chegou a hora da fila para logo a entrada. Eu conversava com amigos, respondia algumas perguntas e meio que sem perceber  porquê  meu pensamento era somente o de entrar, de saber o que sentiria, eu parecia flutuar...

Quando entramos no pátio meu peito apertou. Passamos as catracas e olhei aquela escada e ao fundo algo diferente, muito grande.  Sim, parecia bem maior...

Agarrei  a minha bandeira, coloquei em frente ao rosto segurando ela amassando com as mãos de forma que somente meus olhos ficassem de fora.  As lágrimas começavam a cair na medida em que eu vencia cada degrau.

Quando entrei e olhei ao redor parecia um sonho!

Chorei,  lembrei  de muitas coisas, muitas emoções que vivi naquele lugar, lembrei do meu ídolo Fernandão,  lembrei do Valdomiro, agradeci a Deus por estar ali, pedi que Ele me deixasse viver por muito mais tempo para que eu pudesse desfrutar de tudo, viver ainda mais alegrias ali dentro, que me deixasse lutar ali junto da massa vermelha, chorei feito criança...

Depois os amigos escolheram os assentos e sentamos para continuar a observar cada detalhe.

Aos meus olhos, tudo perfeito! Eu ainda não acreditava estar no mesmo local de tantas batalhas vermelhas.

Conversávamos muito, falávamos em um tom muito alto, éramos ‘adultos vivendo um pedaço da infância’, aquela parte do êxtase por algo novo...

Iniciou a partida. O jogo até certo momento passava como na televisão, quase não prestávamos atenção ao que estava ocorrendo.

Aos poucos o tempo passou e fomos focando no jogo. Primeiro gol do Fabrício. Há pouco havíamos comentado que ele merecia marcar O Primeiro Gol do Novo Beira Rio.

Um jogador extremamente contestado,  mas é um ser humano, um profissional e isso para ele deveria ter um sentido, algo muito forte e sério, como de fato foi pelas entrevistas que concedeu.

Depois o segundo, terceiro e quarto gols.

As pessoas a cada gol se abraçavam e vibravam como numa final de Libertadores. A emoção se uniu à da visita à casa vermelha depois da reforma e se tornou um turbilhão.
Era final do jogo e as pessoas ainda se cumprimentavam como se todos se conhecessem. Sim, ali tem alma! Tem sentimento!  É a Nossa Casa, local onde todos devem se sentir felizes, acolhidos, e era nítida essa sensação.

Assistimos gente chorando de alegria, sorrindo de felicidade. O sentimento era somente esse. Não havia espaço para a tristeza naquele final de tarde e início de noite de sábado.
Na saída, todas as pessoas passavam com um largo sorriso de alívio. A obra ficara perfeita, imponente!

Ainda no pátio algumas pessoas me chamavam. Umas eu conhecia, abraçava, voltava a falar alto, outras eram amigos virtuais que me reconheceram e como se fossemos amigos de infância nos abraçávamos...

Saí do Gigante feliz! Esqueci-me das tristezas que me rondam. Depois de tantos abraços e carinho em nossa casa vermelha estava difícil desacelerar... A noite foi longa, o sono não chegava. Parecia que havíamos  ganhado mais um título de expressão.

Foi um sábado mágico. E era apenas um jogo experimental, imagina o que vai ser dos dias 5 e 6 de abril.

Precisamos preparar o coração porque vem mais emoção por aí...

E que Deus nos abençoe com saúde para lá viver, sorrir e dar muitos abraços e gritos de gol porque sabemos que naquele local, cada lágrima vale a pena.

E que assim seja...


Luciana

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