De minha parte, a cada minuto que passava aumentava ainda mais a ansiedade. Eu queria
viver aquilo! Eu queria ver a casa pronta!!
A minha última lembrança era de um paredão de barro coberto
por lonas pretas. Aquilo me corroia. Era a minha casa, a nossa casa daquele
jeito.
No fundo eu sabia que seria transformado em algo lindo, porém não dimensionava o quão deslumbrante...
Chegou a hora da fila para logo a entrada. Eu conversava com
amigos, respondia algumas perguntas e meio que sem perceber porquê meu
pensamento era somente o de entrar, de saber o que sentiria, eu parecia
flutuar...
Quando entramos no pátio meu peito apertou. Passamos as
catracas e olhei aquela escada e ao fundo algo diferente, muito grande. Sim, parecia bem maior...
Agarrei a minha
bandeira, coloquei em frente ao rosto segurando ela amassando com as mãos de
forma que somente meus olhos ficassem de fora. As lágrimas começavam a cair na medida em que
eu vencia cada degrau.
Quando entrei e olhei ao redor parecia um sonho!
Chorei, lembrei de muitas coisas, muitas emoções que vivi
naquele lugar, lembrei do meu ídolo Fernandão, lembrei do Valdomiro, agradeci a Deus por
estar ali, pedi que Ele me deixasse viver por muito mais tempo para que eu
pudesse desfrutar de tudo, viver ainda mais alegrias ali dentro, que me
deixasse lutar ali junto da massa vermelha, chorei feito criança...
Depois os amigos escolheram os assentos e sentamos para
continuar a observar cada detalhe.
Aos meus olhos, tudo perfeito! Eu ainda não acreditava estar
no mesmo local de tantas batalhas vermelhas.
Conversávamos muito, falávamos em um tom muito alto, éramos ‘adultos
vivendo um pedaço da infância’, aquela parte do êxtase por algo novo...
Iniciou a partida. O jogo até certo momento passava como na
televisão, quase não prestávamos atenção ao que estava ocorrendo.
Aos poucos o tempo passou e fomos focando no jogo. Primeiro
gol do Fabrício. Há pouco havíamos comentado que ele merecia marcar O Primeiro
Gol do Novo Beira Rio.
Um jogador extremamente contestado, mas é um ser humano, um profissional e isso
para ele deveria ter um sentido, algo muito forte e sério, como de fato foi
pelas entrevistas que concedeu.
Depois o segundo, terceiro e quarto gols.
As pessoas a cada gol se abraçavam e vibravam como numa
final de Libertadores. A emoção se uniu à da visita à casa vermelha depois da
reforma e se tornou um turbilhão.
Era final do jogo e as pessoas ainda se cumprimentavam como
se todos se conhecessem. Sim, ali tem alma! Tem sentimento! É a Nossa Casa, local onde todos devem se
sentir felizes, acolhidos, e era nítida essa sensação.
Assistimos gente chorando de alegria, sorrindo de
felicidade. O sentimento era somente esse. Não havia espaço para a tristeza
naquele final de tarde e início de noite de sábado.
Na saída, todas as pessoas passavam com um largo sorriso de
alívio. A obra ficara perfeita, imponente!
Ainda no pátio algumas pessoas me chamavam. Umas eu
conhecia, abraçava, voltava a falar alto, outras eram amigos virtuais que me
reconheceram e como se fossemos amigos de infância nos abraçávamos...
Saí do Gigante feliz! Esqueci-me das tristezas que me
rondam. Depois de tantos abraços e carinho em nossa casa vermelha estava
difícil desacelerar... A noite foi longa, o sono não chegava. Parecia que havíamos
ganhado mais um título de expressão.
Foi um sábado mágico. E era apenas um jogo experimental,
imagina o que vai ser dos dias 5 e 6 de abril.
Precisamos preparar o coração porque vem mais emoção por
aí...
E que Deus nos abençoe com saúde para lá viver, sorrir e dar
muitos abraços e gritos de gol porque sabemos que naquele local, cada lágrima
vale a pena.
E que assim seja...
Luciana
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